É muito comum usuários de redes de sociabilidade compartilharem e ficarem curiosos com cenas de violência. Este é um ponto muito importante para entendermos o que tem ocorrido na atualidade e criarmos oportunidades de gerar uma consciência que almeje evitar esses comportamentos. Essa curiosidade e disseminação de vídeos se dá devido a uma combinação de fatores que envolvem a neurociência, a psicologia e a mídia.
À luz da neurociência, podemos destacar que o cérebro humano tende, naturalmente, a focar em situações de perigo e ameaça, estimulando partes do cérebro como a amídala e liberando neurotransmissores como adrenalina e cortisol. Isso, desde sempre, nos ajudou a lidar com situações potencialmente perigosas e a aprender com elas.
Ao entrarmos em contato com conteúdos de crimes violentos, o cérebro pode ser estimulado a liberar tais neurotransmissores, causando emoções. Essa dinâmica pode gerar uma espécie de "vício" ou fascinação em assistir casos de crimes violentos, induzindo o indivíduo a buscar outros casos semelhantes.
Essa faculdade do cérebro, atualmente, é cooptada pela forma com que a mídia noticiou casos de violência. Com sensacionalismo e narrativas dramáticas, os conteúdos propagados pelos veículos de comunicação acabam por afetar indivíduos em massa. A mídia marrom utiliza de um instinto primordial: o medo. O medo gera pânico e faz com que os espectadores fiquem “hipnotizados” e fascinados com os acontecimentos noticiados. O medo, em síntese, sempre foi utilizado por esse tipo de mídia a fim de gerar audiência.
Por fim, o compartilhamento de conteúdos violentos ocorre devido ao fenômeno do Contágio Psíquico. O ser humano contagia e é contagiado por emoções e comportamentos podem se disseminar veloz e subitamente, como um vírus. A exposição contínua a casos de crimes violentos na mídia e a capacidade de viralização pode potencializar o medo e a violência em uma sociedade.
Quando um indivíduo assiste uma violência, ele próprio já está contagiado pela violência e pelo medo, mesmo que ele não aja semelhante ao violentador, mesmo que ele se indigne com o que foi visto. Contudo, sabemos que outros indivíduos podem se contagiar e se inspirar a cometer um ato semelhante.
Leonardo Torres, analista junguiano.
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