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Uma coisa que sobre o Inconsciente Coletivo

Atualizado: 13 de out. de 2023

Nas profundezas da psique: o sujeito ou o coletivo? Um fundamento da Psicologia Analítica


Há muito tempo atrás o jovem C. G. Jung, fundador da psicologia analítica, fazia uma brincadeira mental muito interessante, sentado sobre uma pedra refletia: eu sou a pedra, a pedra sou eu; quem é este ser na pedra, quem é esta no ser?


Perguntas inocentes e profundas, porque, no final das contas, são as crianças quem realmente sabem fazer perguntas. Os adultos da atualidade tem perdido o brilho da dúvida.


Inconsciente Coletivo
Inconsciente Coletivo

Esta brincadeira faz questionar o que é a subjetividade, o que é o "eu", o que é este ser com nome, sobrenome, identidade e bilhões de outros rótulos que se quer dar. Muitas vezes, este fenômeno idiossincrático, ou seja, único no espaço e tempo é considerado o ser mais profundo possível.

Aquela famosa frase "lá no fundo, lá no fundo você é de tal forma", que é muito dita principalmente quando alguém apaixonado cria expectativas sobre a sua paixão, e acaba por projetar o próprio "ser lá do fundo".


No fim, este ser é uma imagem do próprio apaixonado: anima/animus.

Estas breves elucidações fazem lembrar do Livro Vermelho – obra considerada a maior produção de C. G. Jung, fundador da psicologia analítica, por alguns autores pós-junguianos, como James Hillman e Sonu Shamdasani.


Esta produção é o resultado da busca de C. G. Jung pelas profundezas da alma.

Curiosa e inversamente ao senso comum e também à muitas outras psicologias, o que C. G. Jung encontrou nas profundezas não foi o seu "eu", a sua idiossincrasia ou a sua subjetividade.


Na verdade, o autor fora encontrado pelo velho e pela velha; o mago de luz e da sombra; o banqueiro e o mendigo; o abusado e o abusador; o tudo e o nada; deus e o diabo.


As profundezas da humanidade à luz das empreitadas de C. G. Jung não são separatistas ou segregadoras. Não existem divisões, limites ou muros. A profundeza é o comum que nos habita e o qual habitamos, ou melhor, é o coletivo. Este conceito é basilar para começarmos a entender o que é a psicologia analítica.


Com certeza é um ambiente que não conforta o "eu" ou o ego, afinal ele precisa diferenciar-se para sobreviver. Infelizmente, o ego infantilizado, diante da ideia de ser humano individual, tenta se encaixar no rótulo do individualista, gerando os mais crassos e diversos preconceitos.


Não é possível descer às profundezas sem se queimar de alguma forma. E assim como a Mitologia Grega ensina, não se deve comer nada de lá.


Quem chega perto, com prontidão para compreender as profundezas, acaba por arrepiar-se com o vento e o aroma deste comum da alma. Este ser nunca mais será o mesmo.


Este passará a compreender um pouco melhor a alma humana e por isso mesmo seus antigos julgamentos moralistas e separatistas diminuirão e a busca pelo amor aumentará. Por isso mesmo, quando este compreender isto, ele saberá diferenciar-se tornando ainda mais a sua idiossincrasia, enantiodromicamente.



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