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Foto do escritorLeonardo Torres

Depressão, Pânico e Ansiedade na Pandemia

O momento atual de isolamento tem gerado episódios de ansiedade, pânico, depressão, manias em muitas pessoas. Se para alguns é difícil sair da cama, para outros, limpar a casa várias vezes ao dia também é algo que acontece. O fato é que o indivíduo que não quer sair da cama está prostrado no mundo externo, mas ativo e exausto no mundo interno. Já o indivíduo que quer limpar a casa ininterruptamente está prostrado no mundo interno e tenta compensar ativando seu mundo externo. Este é um típico e simplório movimento compensatório da psique humana. O indivíduo e sua personalidade agem e criam diferentes formas para tentar superar uma crise, no caso atual, o momento angustiante da pandemia do COVID-19.



Vale ressaltar que sentir a angústia do mundo e dos acontecimentos recentes é mais do que normal. Isso demonstra a interligação que cada indivíduo tem com o outro e com o mundo. Como diria o Cacique Seattle: “o que os filhos da terra fizerem com a terra, eles estarão fazendo para eles mesmos”, pois há uma rede que interconecta o Todo, o próprio Inconsciente Coletivo.


O grande problema dos casos mencionados acima é que estes indivíduos tentam atuar no movimento compensatório da psique de forma unilateral e literal. Que necessidade/ansiedade é esta de limpar a casa toda hora? O que dentro de nós, nós queremos limpar? Por que estamos evitando aquele lixo psíquico que nos habita? Neste caso, limpar e relimpar os cômodos serão insatisfatórios. É necessário que o indivíduo caminhe para dentro e para trás a fim de entender a necessidade de tal limpeza interna.


No caso da depressão é inversamente semelhante. Conforme Jung, depressão – força que puxa para dentro – é um pedido também ir para dentro, mas uma vez que o indivíduo já está lá, ele terá que promover um movimento de saída. Não à toa hoje já existem estudos que demonstram que atividades como a dança podem auxiliar demasiadamente episódios depressivos. Mas também os vínculos afetivos (e saudáveis) dos familiares e dos amigos são de suma importância para a saída do “poço”.


Estamos diante, além de um vírus biológico, de outros vírus psíquicos. Podemos denominá-los de imagens arquetípicas ou também de deuses: Pan (pânico, pandemia), Tânatos (morte, depressão), Ananke (ansiedade), entre outros. Sentimos essas forças psíquicas como se fossem divindades incontroláveis fora de nós. Contudo, o que podemos afirmar (até agora) é que elas são sim incontroláveis, mas provenientes dessa rede que perpassa cada ser humano do planeta e que afeta a todos.


É possível não ser afetado? A resposta é “não”. Podemos sim tentar passar (ou deixar eles passarem) de uma forma mais harmoniosa: com expressões criativas. Vale lembrar que a expressão criativa não é arte. Ela não tem o pretensão de ser reconhecida, correta, bela, ou qualquer outra característica ligada à arte. Ela deve ser uma canalização dos elementos psíquicos que tomam o indivíduo: deve ser pura expressão – o “fazer alma” de James Hillman. Da argila ao desenho, da dança ao instrumento musical, o mais importante é a expressão.


Ainda é necessário, portanto, perguntar-se a cada expressão: “quem em mim se expressou desta maneira? O eu? A criança que me habita? O Pan que me habita? Etc.”. Estabelecer esse diálogo com os deuses, demônios, seres que nos habitam é reconhecer eles em nós e por isso mesmo, não ser pego de surpresa quando eles se manifestarem. Exemplo Nerd: Naruto só tornou-se verdadeiramente amigo de Kyuubi quando conheceu seu verdadeiro nome.

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