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Sobre o Conceito de Sombra do Fundador da Psicologia Analítica

Atualizado: 14 de abr. de 2022

Para começar a entender o que é a psicologia analítica, o conceito de Sombra é fundamental


Quem entra em contato com qualquer ideia de busca pelo autoconhecimento, ampliação da consciência, evolução do espírito, transcendência, individuação, etc. muitas vezes cai no equívoco de sentir-se totalmente iluminado, ou então acreditar que a plena consciência será alcançada na semana que vem. Isto, na verdade, é uma grande armadilha de um dos fundamentos da psicologia analítica: a Sombra – a contraparte indesejada da personalidade que não é aceita pelo “eu" do indivíduo.


Para os charlatões esta perspectiva funciona muito bem: "conquiste o autoconhecimento fazendo autoterapia: curso de 2 dias". Quem inscreve-se nestes cursos provavelmente tem uma intenção benéfica, mas a ansiedade para chegar a tal objetivo é o que domina nestes casos. Na verdade, o caminho da individuação não possui um destino final. Como é sabido, toda ansiedade esconde um desejo, seria pertinente perguntar: por que esse desejo de iluminar-se amanhã e/ou para que esse desejo de individuar-se tão rápido?

Como diz C. G. Jung, fundador da psicologia analítica, não é imaginando figuras de luz que o indivíduo torna-se mais consciente ou mais iluminado, mas indo aos seus infernos, à Sombra e dela, em sua profundeza, encontrar certa luz. É promovendo o seu próprio Apocalipse: não à toa a palavra Apocalipse significa Revelação. Talvez a ânsia por esta iluminação "fast-food" mencionada acima seja uma fuga do indivíduo para não precisar enfrentar a sua Sombra.

A questão é que a Sombra é uma grande provocadora (pro-vocação), ou seja, aquela que age em prol da vocação do espírito, do Self, da ampliação da consciência.

Erros, equívocos, fracassos, tropeços, atos falhos e outras ações que ninguém quer cometer nada mais são do que a Sombra, por meio do Self, apontando o real caminho do indivíduo. Quem escuta esta pro-vocação da Sombra apreende algo dela, quem não escuta, certamente, cairá de novo em suas armadilhas.


No fim, quem ilumina-se é quem torna-se mais cinzento (uma lembrança a Gandalf) e quem fica à meia luz. Quem almeja a luz extrema acaba por cegar-se tanto quando a escuridão extrema.


Autor: Leonardo Torres, 30 anos,analista junguiano, palestrante e doutor em comunicação e cultura.





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