Leonardo Torres
18 de abr de 20233 min
Atualizado: mai 2
Nos últimos anos estamos presenciando um chamado para o mundo onírico. Muitos movimentos tem sido feitos. Os xamãs tem ganhado mais espaço, termos como "arquétipos" tem sido pauta de discussão e o fenômeno do sonhar tem sido pauta tanto da ciência como do nosso cotidiano.
Por sermos múltiplos e diversos, podemos borrar a tinta, à luz de Jung, e afirmar que os sonhos são grandes manifestações dessa personalidade diversificada que somos. Vamos combinar uma coisa: desistir da ideia de que nós sonhamos e temos sonhos.
Existe algo muito importante quando analisamos sonhos! Jung enfatizava a importância do contexto pessoal e cultural na interpretação dos sonhos, e considerava essa análise um instrumento valioso no processo de individuação, a integração das diversas facetas da personalidade. Somente após essa primeira análise pessoal, podemos utilizar de significados coletivos. Por isso, não é recomendável buscar no Google e nem no ChatGPT o significado do sonho.
Outra coisa importante é a função compensatória dos sonhos. Os sonhos possuem uma função compensatória em relação à consciência. Eles buscam criar uma homeostase e uma heterostase entre a consciência e aspectos negligenciados ou reprimidos da personalidade, oferecendo uma perspectiva alternativa aos padrões de pensamento e comportamento habituais.
A função compensatória dos sonhos na teoria junguiana desempenha um papel crucial na harmonia e no desenvolvimento da psique. Jung acreditava que os sonhos funcionam como um mecanismo de ajuste, proporcionando informações complementares e lampejos que possam compensar as atitudes e visões conscientes unilaterais.
Na teoria junguiana, a psique é composta por duas partes principais, o consciente e o inconsciente. Enquanto o consciente representa as experiências, pensamentos e emoções das quais estamos cientes, o inconsciente inclui aspectos desconhecidos ou reprimidos da personalidade.
Os sonhos podem revelar e compensar atitudes unilaterais ou extremas presentes na consciência, abordando aspectos negligenciados ou subestimados da vida do indivíduo. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando uma pessoa tem uma atitude excessivamente racional e lógica em relação à vida, e os sonhos apresentam elementos místicos, emocionais ou intuitivos, proporcionando um contraponto e equilibrando a abordagem da pessoa. Ou então, o sonho pode exagerar o racionalismo do cliente, trazendo um sonho ainda mais racionalista. Por isso, não existe regra, tudo depende do indivíduo.
Em síntese, a teoria dos sonhos de Jung destaca a importância de olhar para o mundo onírico como uma fonte de sabedoria e autoconhecimento, contribuindo para um maior entendimento de nós mesmos e do funcionamento da mente humana. Possibilitando assim, uma promoção não somente uma mudança pessoal, mas coletiva.
Leonardo Torres, analista junguiano.